domingo, 6 de fevereiro de 2011

Frankenstein


Uma vida normal – é o que se vê
Quando a janela da alma possui cortinas de ferro
Dias iguais – fáceis de perceber
Engrenagens esféricas sufocam os berros
Qualquer combustível – tudo é viável
Basta na vida encontrar certo ser
Nada injusto – sobrevivência ajustável
Apertando o cerco até senti-lo ranger...

Como posso conviver
Com esse monstro invejado?
Com pedras pontiagudas castigando meus pés...
E a noite escura reproduzindo teu rosto
O sentimento profano...
Como um Frankenstein.

Dois tubos de ensaio
Uma placa de aço
Borboletas no armário
E o óleo no chão
Tentativa imperfeita
De amor verdadeiro
O maquinário suspeita
Uma batida – um coração?

E assim foi projetada a criatura perfeita
Fria, imaculada, livre da dor
Uma vida calculada, feita a alguém
Com sentimentos contidos
Como um Frankenstein...

Um comentário:

  1. Ok.. Acho que o problema do poema eh q nao se pode lê-lo como se lê qualquer outra coisa... É preciso dar importância suma a cada palavra, a cada frase, desmembrar o texto e buscar o sentido em cada linha.

    Mas, ao mesmo tempo, não sei se é certo fazer isso...

    Aparente vida normal. Sentimentos trancafiados a ferro. Vida apática, posição de conforto. Imoralidade que encaixa perfeitamente à apatia e ao conforto, mas... "Apertando o cerco até senti-lo ranger..."? Esse sentimento de apatia, conforto e imoralidade lhe oprime. Conforto não confortável, conforto que machuca, por quê?

    Frankeinstein, um ser construído, um ser profano, a criatura perfeita, vida calculada, fria, imaculada, livre da dor, encomendada. Aço, tubos de ensaio, óleo.. Uma máquina?

    Mas borboletas no armário.. Batida, coração, sentimentos contidos...

    Paradoxo.

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