sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

No meu mp4 você encontra...

...o que não está muito interessado em escutar.

Sério, acho que tive uma ideia boa (depois de muito tempo... - shut up!)...

Vou postar algumas músicas que decorei de tanto escutar.

Ai vão algumas:

ASP - Krabat



[off] O gurizinho do início do vídeo parece o Ludwig do Hetalia...


Arkona - Liki Bessmertnykh Bogov



[off] Sim, eu decorei uma música em russo - cara, ela faz gutural *desmaia*


L'Âme Immortelle - 5 Jahre


















[off] Ah... Thomas Rainer *desmaia de novo*



Nachtmahr - Tanzdiktator | И |


[off] Ah... Thomas Rainer *hemorragia nasal devido aos demaios anteriores*


Tehosekoitin - Maailma On Sun


[off] Sim, eu decorei uma música em finlandês *Tino x Berwald rlz*


Enfim, depois eu posto mais... Cansei dessa vida.

Sejam felizes - e não falem mal das minhas músicas.

Reflexões desnecessárias

Esse blog nasceu com a finalidade de guardar meus pseudo-poemas, mas pelo que vejo, transformou-se em um "guarda-reflexões idiota".

E, quer saber? Eu gostei.

Sendo assim, vamos ao assunto de hoje:

É engraçado como as coisas são... Você escreve algo totalmente sem fundamento e espera desesperadamente que alguém compreenda - e o mais importante: comente.

Eu tenho essa mania (é, deu pra ver). Esse blog é o melhor exemplo disso.

Mas não me importo muito com o blog. O conteúdo posto aqui nem deveria estar aqui, é uma porcaria inútil que ninguém teria vontade de ler.. Mas o que me deixa triste às vezes (só às vezes...) é quando você escreve uma história (seja ela fanfic ou não) ou um poema e ninguém - eu disse ninguém - se presta para ler e comentar.

Porra, o autor se esforçou muito para escrever aquilo!

Não que seja uma tortura escrever. Muito pelo contrário. Escrever é muito bom (é, deu pra ver - cala a boca!), mas de vez enquando é bom receber um comentário.

Isso significa que alguém leu o que você escreveu.

Significa que ele está tentando entender o que foi posto no papel.

Logo, se você estiver lendo esse post (ou qualquer outro), por favor, DÊ SINAL DE VIDA.

- Nem que seja para me mandar pro inferno...

Vou me sentir feliz de saber que alguém leu o que eu escrevi enquanto arrumo minhas malas para a longa viagem to the Hell.









Falando em Hell (mudança repentina de assunto mode on)

Algum dos meus leitores imaginários viu a nova propaganda da Sadia em que eles vão para a Alemanha?

Sim meus caros, eles foram para a Alemanha.

A Sadia foi para a Alemanha.

MENOS EU!

Todo o mundo vai para a Alemanha...

..menos eu.




Mas tudo bem...

Sejam felizes - e, se forem para a Alemanha, convidem-me.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A arte de dizer Não

Você consegue?

Eu não.

E tem gente que se aproveita disso.

O fato é que eu fui criada dessa forma. Sempre tive país que me apoiaram e minha família (a maioria dela) é muito unida. Então, esse ambiente me proporcionou uma personalidade muito passíva (um uke perfeitamente idiota, eu diria).

Eu aceito seus erros, aceito seus xingamentos, suas pisadas...

...mas não consigo fazer nada disso.

É claro que eu vou ficar p. da vida pelos teus erros, xingamentos e pisadas.

Mas vou perdoar. Está no meu sangue.

E isso responde os dois posts abaixo - essa minha passividade (ou ukisse(?), seja lá como queira chamar) faz com que eu acabe deixando minhas atividades de lado para ajudar alguém ou desistindo dos meus próprios desejos para ver essa mesma pessoa bem.

E eu?

Bem, eu vou ficar me martirizando por isso, mas algo no fundo da minha mente vai me dizer:

"Pelo menos ele(a) está bem"

Funciona basicamente assim:

Eu me ferro para você ser feliz.

Isso é algum tipo de masoquismo? -não.

Então, senhoras e senhores de minha mente criativa, eu acabo o post dizendo:

Sejam felizes - e não pisem tanto em mim (no cabelo não, por favor.)

Quando quero, há impecílio

Era para ser o contrário, não?

As pessoas têm em mente que qualquer realização pode ser dificultada por algum problema celestial impossível de se resolver.

Mas comigo acontece diferente (como a maioria das coisas).

Eu não sei, mas às vezes eu consigo enxergar o que aqueles livros de auto-ajuda baratos dizem sobre "a dificuldade está na cabeça de quem tem de encará-la." Essa frase era estranha para mim, até porque, como assim "está na cabeça de quem tem de encará-la"? Não acabou de afirmar que essa tal dificuldade não existe?

Depois de um tempo - e várias situações - eu fui entender exatamente o que isso quer dizer.

É mais ou menos assim:

- Você quer uma coisa.
- Essa coisa necessita de certo esforço.
- Seu desejo pode demorar um pouco para se realizar.
- Bingo! Você já começou a criar um monstro em sua cabeça capaz de transformar seu sonho em um pesadelo (frase idiota mode on).

Ou, como no meu caso:

- Eu não quero uma coisa.
- Essa coisa até parece viável.
- Eu até teria o desejo de unir o útil ao agradável, mas...
- Bingo! Criei um problema para sair fora antes de tentar.

É isso que acontece na maioria das vezes.

Nesse sentido, eu posso estar até me preocupando com essa minha falta de vontade de fazer alguma coisa útil, mas... Depois de um tempo - e algumas lidas no dicionário em Alemão regadas a muita música do ASP -  nem penso mais nisso.

E é isso que me preocupa.

Não é questão de não querer fazer as coisas. É questão de não ter vontade para fazer o que até poderia querer realizar.

...Esse texto está confuso pra caralho, mas foda-se, ninguém lê mesmo. Continuando:

Pode me chamar do que quiser, leitor imaginário... Preguiçosa, acomodada... Se achar mais algum adjetivo, por favor, me mande por email.

Porque eu não sei o porquê disso acontecer.

Então, da próxima vez que me ouvir reclamar de alguma coisa, pode ter certeza que essa reclamação foi projetada muito bem pelo meu querido cérebro e nada vai me fazer mudar de ideia.

Desculpe mais um post sem serventia.

Seja feliz - e não me peça para fazer nada.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Não reflita comigo

Hoje cheguei a conclusão de que não sirvo para dar conselhos.

Imaginem-se no meu lugar:

Você está lendo qualquer coisa na internet (e achando essa coisa muito engraçada, porque está rindo adoidado na frente do monitor) quando, de repente, aparece uma janela do msn.

Possível tema da futura conversa: PROBLEMAS.

Sim, meus caros, se você é como eu, que não consegue ter nem dois minutos de "papo cabeça" no msn, pode ter certeza que a pessoa que te chamou para uma conversa virtual está com problemas. Sérios problemas...

E o que você faz?

Pergunta o que está acontecendo, claro.

O ser humano é tão curioso que deixa de lado seu lado racional que está gritando: VOCÊ NÃO PRECISA SE ENVOLVER!

Mas você se envolve.

E ai, quando menos se espera, você está dentro do problema alheio.

A pessoa em si acabou de te batizar como psicólogo da noite - 96% desses casos acontecem à noite, até porque, você deve ser o único online na lista do pobre desesperado - e ai vem a pior parte:

Ele quer conselhos.

E você não tem a mínima ideia do que dizer para a pessoa.

Mas você está envolvido no problema, você foi curioso... Merece ser castigado...

É ai que entra a minha revolta desse post ridículo:

Por que sou tão idiota em querer pegar os problemas dos outros para mim? Porra, qual é, eu já tenho os meus!

Falando nisso, vai dizer que quando você ouve as lamentações dos outros, os teus problemas parecem tão infantis?

Porque se você tem algum problema com a matéria do colégio, faculdade ou seja lá o que esteja estudando, a outra pessoa com certeza vai te falar que isso não é nada, que o problema dela sim é terrivelmente catastrófico. E por ela ter um problema maior que o seu, ela quer um conselho...

PORRA! SE O SEU PROBLEMA É MAIOR QUE O MEU, EU NÃO SEI O QUE VOCÊ PODE FAZER PARA RESOLVÊ-LO!

Enfim, isso é só para desabafar... Não quero que alguém se sinta ofendido com isso, mas...

EU TAMBÉM TENHO DIREITO DE EXPOR MEUS PROBLEMAS INSIGNIFICANTES E PEDIR CONSELHOS -não.


Seja feliz - e não me procure para conselhos. Me procure para beber.

E esqueça isso.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Lembranças Obscuras De Uma Mente Culpada

   “Enquanto caminhava pelo corredor que antes dava acesso ao grande salão de minha casa, sentia certo aperto em meu peito ao lembrar de alguns momentos felizes que vivi com minha família. Por mais que eu saiba o que todo aquele fanatismo inútil causou a desgraça que hoje vejo em minha frente, sinto falta do ambiente organizado que aquilo representava. Ora, fui criada para isso. Meu dever como mais velha era ensinar as minhas irmãs o que elas deveriam seguir que no caso, era o que eu acreditava ser o correto. Hoje eu percebo que tudo não passara de uma ilusão, uma lavagem muito bem feita que me faz sentir completamente usada. Lembro-me da felicidade de minha mãe ao ouvir papai discursar com tanta segurança. Ela sussurrava "Tenho sorte em ter um marido tão competente" enquanto via lágrimas enxerem seus olhos. Aquela demonstração de fascínio incentivava meus irmãos a seguir a mesma carreira de papai. O mais novo, por exemplo, fazia toda noite uma encenação extremamente apaixonada enquanto repetia as palavras entusiasmadas que ouvira naquele dia.
   Sentirei falta disso...
   Não quero pensar no quanto aquilo era falso, não quero dizer que aquela situação era cômoda. Muito pelo contrário. Se não tivesse feito o que fiz, com certeza seria a mulher mais hipócrita desse mundo. Porém, inevitáveis são as lembranças que insistem em me visitar durante a noite. Posso estar protegida nos braços de quem amo, lembrar todos os momentos incríveis que passamos juntos, mas ainda sim, a imagem da minha família causa certa inquietação em minha alma. Afinal, eles eram minha família, o que deveria ser o alicerce da minha curta passagem por este mundo.
Imagine-se no meu lugar. Tente esquecer todos os rostos, os gestos, as palavras de carinho, os conselhos – que por mais absurdos que pareçam, foram dirigidos a você com boa intenção – os jantares.. Alguma coisa sempre fica em sua memória e sua mente, ah... Sempre dá um jeito de filtrar cada episódio. O que sobra são sorrisos, brincadeiras, demonstrações de afeto... Não canso de repetir: Eu sinto tanto a falta deles...

   Sei que a pergunta que está pairando ao seu redor é se eu mudaria alguma coisa no meu passado. Minha resposta? Absolutamente nada. Eu escolhi o que queria para minha vida. Escolhi meu destino e não deixei que nada interferisse na minha escolha. Se minha família escolheu o lado da morte, eu não podia fazer nada, pois, se algum deles me dissesse que o caminho que eu havia escolhido era errado, eu não daria ouvidos. Tenho absoluta certeza que eles também não me ouviriam. Se eu tive medo ao traçar um futuro completamente incerto, posso dizer que sim. Andar por uma estrada completamente escura, sem rumo, com apenas um fósforo iluminando cada passo é aterrador. Eu tinha todo conforto que uma moça de minha idade gostaria de ter. Largar isso não foi fácil, pois deixei de lado a segurança de uma vida inteira planejada minuciosamente por uma história que eu nem sabia se iria durar uma semana. Não por falta de amor, mas sim, por saber que a qualquer momento um soldado poderia pular na nossa frente e acabar com tudo. Cada dia que passava era como se comemorássemos bodas de ouro...

   Termino dizendo que concordo plenamente com a frase cujo autor não recordo – Em uma guerra não há vencedores. O que há, na verdade, é a morte de um ideal, o desaparecimento da consciência... Deus queira que nunca mais o homem possa cultivar esse desejo mórbido que é a ganância. Não é esse mundo que eu quero deixar para os meus filhos...

   Esse não é um relato de uma sobrevivente de guerra. Muito pelo contrário. Tudo o que a guerra tirou de mim me faz sentir como se parte de minha alma fora levada junto com o sangue escorrido de milhões de soldados iludidos. O que me faz viver hoje é a vontade de querer fazer algo diferente, pois vendo o exemplo de minha família, tudo o que me resta é lutar contra aquilo que a destruiu. Aquilo que nunca mais deveria se repetir”.








Pós-guerra, pós Hetalia, pós-"Ludwig, não se sinta culpado... Não temos culpa por termos acreditado naquilo". Pós-sanidade.

Vôo


Era o sonho de todo ser
Os que desejavam ver o céu
E a terra de um ângulo diferente
Ter asas para voar
No lugar do impuro metal.

Um vôo solitário
A melodia soprando
O coração batendo
Ela estava vivendo.

As asas batiam graciosas
Voando pelo azul da coragem
O verde abaixo sorria de volta
Ela continuava, a alma viajava.

De mãos estendidas, dedos finos
O ar que passava pelos cabelos
Leve como pluma, branca como nuvem
E sorria – oh, como sorria!

Divertia-me com seu encanto
Encantava-me com sua alegria
Alegrava-me com sua volta
Voltava-me ao meu descanso.

O sol agora batia
Não mais como um igual
Não mais a mesma altura
Era imponente em seu devido lugar.

Meus olhos entreabertos ardiam
O corpo ainda não correspondia
Mas o pensamento era único
De que a veria, oh sim, a veria
Em meus próximos sonhos.

Frankenstein


Uma vida normal – é o que se vê
Quando a janela da alma possui cortinas de ferro
Dias iguais – fáceis de perceber
Engrenagens esféricas sufocam os berros
Qualquer combustível – tudo é viável
Basta na vida encontrar certo ser
Nada injusto – sobrevivência ajustável
Apertando o cerco até senti-lo ranger...

Como posso conviver
Com esse monstro invejado?
Com pedras pontiagudas castigando meus pés...
E a noite escura reproduzindo teu rosto
O sentimento profano...
Como um Frankenstein.

Dois tubos de ensaio
Uma placa de aço
Borboletas no armário
E o óleo no chão
Tentativa imperfeita
De amor verdadeiro
O maquinário suspeita
Uma batida – um coração?

E assim foi projetada a criatura perfeita
Fria, imaculada, livre da dor
Uma vida calculada, feita a alguém
Com sentimentos contidos
Como um Frankenstein...

Eva Anna Paula Braun

Imagino o que você deve estar pensando. Sei também o motivo desses pensamentos e suas conseqüências. Por isso, peço apenas que tenha um pouco de paciência e esqueça seu senso humanista por alguns instantes. Isso irá ajudá-lo a compreender – ou não – meus motivos. Talvez se eu começar a história pelo fim você consiga se familiarizar melhor com os fatos.

Caminhei por um longo corredor visando à porta entreaberta que me esperava pouco convidativa. Meus passos ecoavam longamente por toda a extensão do lugar e os cacos de vidro quebrando no chão deixavam aquela cena ainda mais assustadora. Passei a encurtar o passo à medida que chegava mais perto de meu destino: a sala particular do Führer. Parei em frente dela com a hesitação costumeira que insistia em aparecer nas piores horas, mas alguma coisa dentro de mim assegurava que eu teria que encarar os fatos, até porque, até aquele momento, eu já havia enfrentado coisas inimagináveis para estar ali. Alcancei a maçaneta e entrei na sala tentando esconder o meu nervosismo.
- Que bom que veio. Sente-se.
Foi o que fiz. Ele pronunciou aquelas palavras sem nem ao menos olhar para mim, como eu se fosse um mero garoto recém saído da Juventude Hitlerista. Tudo bem, já deveria ter acostumado com esse tipo de tratamento, afinal, ele era o Führer – a pessoa mais importante de toda a Alemanha, líder supremo de um povo que, até então, desacreditado de seu potencial, depositara toda a confiança em um homem que prometera uma vida digna aos que apresentavam potencial para isso. Um homem que doara sua vida a uma nação deveria ser perdoado pelas maneiras pouco sentimentalistas que demonstrava.
- Traudl parecia feliz quando me disse que o senhor queria me ver.
Houve uma pausa constrangedora na sala e eu sabia qual era o motivo. Há meses que ele me pede para que eu o trate pelo nome. Obviamente é o meu maior desejo, mas mesmo assim não o faço. Foi a forma mais prática de lhe chamar a atenção – e prendê-la em mim – enquanto me explica que essas formalidades não são mais necessárias. Fora que isso também serve como uma forma de protesto a conversa que tivemos na semana passada, onde expus a minha vontade de firmarmos nosso relacionamento. Como sempre, sua resposta veio cheia de “eu sou o que a Alemanha necessita”, “tenho de me concentrar exclusivamente na nação enquanto a guerra não acabar” e outras desculpas costumeiras.
- Realmente, Traudl ficara feliz com a notícia que contei. Creio que também ficará contente com o que tenho a dizer.
Outra pausa. Seus olhos ainda não levantaram dos papeis de sua mesa e isso me incomoda um pouco. Milhares de possibilidades começam a brotar na minha cabeça numa tentativa infeliz de adivinhar o que ele quer me contar. Remexo-me na cadeira demonstrando minha ansiedade que foi percebida instintivamente por ele.
- Eu preciso saber de uma coisa antes, Eva. Preciso saber o porquê dessa sua insistência em querer acabar com o que resta de sua vida trancafiada nesse lugar, se acha que vale realmente a pena se sacrificar por isso...
Encarei-o incrédula por ouvir tais palavras. Então quer dizer que depois de catorze anos demonstrando meus sentimentos, deixando de lado muitas vontades, pessoas, depois de enfrentar minha família e muitas esposas ditas exemplares de outros oficiais do partido, ele ainda tinha dúvidas sobre meus atos?
- Mein Führer – Levantei-me num gesto rápido, deixando claro o quanto desgostosa aquela conversa havia me deixado. – Creio que se o senhor não acredita em meus sentimentos, não há mais nada o que fazer aqui.
Sei que fui dura com ele. Sei também que essa atitude me renderia noites e noites em claro me amaldiçoando por ser tão impaciente... Mas o que mais eu teria que fazer para ele acreditar em mim? Morrer?
- Com sua licença, Mein Führer. – Pensei seriamente em despedir-me com a saudação Nazista, mas estava com meu orgulho ferido demais para tal. Sai sem olhar para trás.
Passei novamente pelo já conhecido corredor cheio de cacos de vidro com uma sensação estranha no peito. A respiração irregular somada as batidas desordenadas de meu coração entregavam a quem quisesse ver o que estava se passando comigo naquele momento. Olhei para Traudl que castigava – literalmente – sua máquina de escrever quando ela parou instantaneamente o que fazia para me encarar. Seus olhos transmitiam uma ternura perturbadora, como se quisesse me passar tranqüilidade naqueles tempos difíceis.
- Precisa de alguma coisa, Fräulein Braun?
- Não Traudl. Estou bem.
Segui os vários corredores até meu aposento pessoal e tranquei-me lá. Esse gesto já era conhecido meu por tanto tempo... Lembro-me de meu pai comunicando-me que seria transferida a um convento e dos protestos que fiz – todos insuficientes para que mudasse de decisão – e lá estava eu, trancada em meu quarto, chorando como uma condenada a forca... Muitas vezes pensei que esse modo de encarar os desafios que a vida me propôs era covarde demais para alguém que quisesse ser a mulher mais importante da Alemanha, mas era a única forma que eu conhecia... Desde sempre esse foi o jeito mais fácil de continuar trilhando meu destino sem que precisasse tomar decisões perigosas. Eu sabia me acomodar e isso era bom para mim.
Ainda deitada e com os olhos inchados de tanto chorar, ouvi batidas rápidas, mas decididas na porta. Por um momento pensei em deixar que batessem até se cansar, mas minha curiosidade foi maior e decidi atender. Presumia que quem quer que fosse o responsável por me tirar daquela cena dramática com minhas lágrimas teria pelo menos a decência de me dizer algumas palavras encorajadoras ou qualquer tipo de apoio que eu já estava acostumada a receber, mas, ao invés disso, a única coisa que vi foi o homem responsável pelo meu estado depressivo. Olhar aquela imensidão azul de seus olhos era o mesmo que tentar decifrar a vontade do oceano em esconder as mais belas criaturas em suas profundezas. Diferente dos meus, que despejavam desencantamento em cada pedacinho da retina...
- Case-se comigo, Eva.
- Como?
- Uma mulher que ficou ao meu lado durante catorze anos e mesmo agora... Bem, mesmo agora, na atual situação em que a guerra se dirige, continua ao meu lado deve ter esse privilégio.
Eu não conseguia acreditar naquelas palavras. De certo estava sonhando entre meus lençóis de seda com o Führer – o meu Führer – pedindo-me em casamento.
- Adolf...
- Esse não é seu desejo? Continuar comigo para sempre?
- Meu desejo? Eu nutri um amor que só aumentava com o decorrer dos anos... – Comecei a chorar novamente, só que dessa vez, minhas lágrimas eram de pura alegria e eu não estava preparada para escondê-las. – É óbvio que eu quero me casar com você, Adolf!
O que aconteceu depois? Se você leu alguma coisa sobre o fim do Terceiro Reich, com certeza deve saber como isso terminou. Se não, ai vai um breve resumo...
Adolf e eu nos casamos com urgência no esconderijo em Berlim. Eu estava trajando um vestido de seda azul lindíssimo e assinamos o contrato matrimonial com os olhares atentos de Goebbels. Para encurtar a história, um dia depois do casamento, logo após cumprimentar todos os remanescentes do Bunker, eu e meu marido nos dirigimos ao nosso quarto e, cumprindo meu juramento de fidelidade, abri um pequeno frasco que continha o símbolo de minha palavra e bebi todo o cianureto de uma só vez. Meu marido e eu estávamos começando nossa caminhada em direção a eternidade – tanto no longo caminho de nossas almas quanto na História – e deixando na terra o que mais desejávamos em vida. Adolf, o poder. Eu... Reconhecimento.  



N.A.:

Olá pessoas, gostaria de primeiramente agradecer por ter lido até aqui e de avisar que essa história é a minha visão sobre a vida de uma das mulheres mais enigmáticas da História. Se alguém, porventura, quiser protestar sobre alguma coisa que escrevi, sinta-se a vontade.

Tradução de algumas palavras e apresentação de alguns personagens citados até aqui:

Adolf Hitler: Bom, esse eu nem preciso escrever muita coisa, pois o nome já faz isso sozinho...

Eva Braun: Baseei-me no livro A História Perdida de Eva Braun, de Angela Lambert, que conseguiu escrever o livro que eu sempre quis escrever *inveja* hsuahsuahusa Brincadeira. Recomendo a todos que quiserem saber mais da vida dos Braun. Eva foi, sem dúvidas, a mulher que mais me chamou a atenção na História. Talvez pela falta de documentos sobre sua vida ao lado do homem mais odiado do mundo ou por simples curiosidade em saber como alguém pode desistir de seus sonhos para viver ao lado de uma pessoa que deixara bem claro que não iria se casar para manter sua imagem de “esposo da Alemanha” – casamentos naquela época eram importantes para as mulheres... Eu odeio essa frase em particular.

Traudl Junge: Secretária pessoal de Hitler e co-autora do livro Até o Fim, que conta alguns detalhes dos últimos dias do Führer em seu ponto de vista.

Josef Goebbels: Ministro da propaganda Nazista. Ele era bem próximo de Hitler e há boatos de que sua esposa era meio “apaixonada” pelo Führer – tuuuuuudo especulação. Ontem, por exemplo, li que Magda Quandt (esposa) casara-se com ele para ficar mais próxima de Hitler. Fofoca histórica mode on.  

Mein Führer: Ta, eu sei que não precisa, mas mesmo assim vou traduzir: Meu Guia, líder.

Fräulein: senhorita. Olha, coloquei senhorita pelo fato de Eva ser solteira até aquele momento em que falara com Traudl.

Esse é mais um momento WTF. Desconsiderem.  

Eu não sei que título dar para isso.

Estou aqui de novo
Ensaiando o que fazer com meu reflexo
Esperei por esse momento há dias
Mas alguma coisa me diz que será tudo igual.
Não que isso seja tão importante agora
A quem eu quero enganar
Eu sei tudo sobre você
E você só conhece uma fachada
Que eu mesma construí.

E agora eu vou
Tudo continua igual, nenhuma vírgula fora do lugar
A minha meta agora é chegar
Mergulhar no pesadelo da culpa que conheci
Desde a primeira vez que te vi.

O tempo nunca foi meu aliado
Eu nunca soube aproveita-lo
Deixei que tudo passasse tão rapidamente
Que nada além do que não fiz
Faz sentido para mim.
Eu conheço todos os seus sonhos
E você nem ao menos imagina meus desejos.

E agora eu vou
Tudo continua igual, nenhuma vírgula fora do lugar
A minha meta agora é chegar
Mergulhar no pesadelo da culpa que conheci
Desde a primeira vez que te vi.

Por que eu não consigo jogar tudo pro alto?
Talvez alguma coisa respingue em você
E mesmo assim, você entenderia?
Você olharia para qualquer lugar
Seguiria qualquer caminho
Menos o que eu tracei...
E mesmo eu sabendo todos os seus segredos
O mais importante você desconhece.

 




WTF[2]

Alma


Dizem que as almas são brancas
E que dependendo da luz,
Elas podem mudar de cor.
Pode-se ver o azul do céu refletido na íris
Mas por dentro, o que há?

Minha alma deve ser cinza
Impregnada como fumaça de cigarro
Densa e escura, um quase negro
Mas ela é cinza, e eu temo
Tremo por debaixo da carne.

Não posso ver a cor da sua alma
Mas posso ver o sangue que transpassa
Rubro e branco, é o que faz
E a dança de dentro pra fora que imita o pulso
Isso sim é visível e é mortal.

Imortal como a alma de qualquer cor
Inclusive para a minha acinzentada
O que muda é o caminho
Por isso deve haver um lugar no paraíso para você
Uma cadeira ao lado de Deus, já eu
posso me contentar com o cinzeiro do bar celestial

Se for para fugir...

Era uma cortina balançando
E uma janela entreaberta
Que dava para a rua escura
E a luz da lua que iluminava o quarto
Não era o bastante para para te enxergar.

Aquela mesma cortina que balançava
Cobria toda a visão quando eu não queria enxergar
Por que você não pode usá-la agora
E me acompanhar enquanto fujo?

Porque se for para fugir
Me deixe fugir com você
Se for pra se econder
Deixe me esconder com você






WTF?!