"Seu corpo aceitando camisas, enquanto uma voz cavernosa jogava-lhe insultos no rosto. Gritando que ele era um demônio, que somente a dor o salvaria."
V. Biasoli.
Hallo imaginários!
Começo o post com essa citação do livro "Fúrias", escrito pelo professor Vitor Biasoli (aluna puxa saco mode on ¬¬'), porque, eu não sei, mas quando li, ela fez todo o sentido pra mim.
Não que eu ouça vozes me chamando de demônio...
Ainda não, pelo menos...
Não que eu saiba...
Mas tem algo nesse trecho que me fez pensar em muita coisa - "Eu penso muitas coisas", como diria uma colega minha.
"Seu corpo aceitando camisas", no contexto do próprio conto, me fez imaginar uma pobre criatura sem voz, sem coragem de opinar, muitas vezes até sem vontade de discordar (Prazer, Simone). Aquela pessoa que acha que não se importa com nada, que pensa diferente, que age por ela mesma.
A questão é: ela pensa. E o pensamento muitas vezes não condiz com a realidade (não se preocupem imaginários, não abandonei o Idealismo pelas aulas de Teoria da História III). O pensar - e é nesse ponto que eu gostaria de chegar -, me fez acreditar que eu realmente poderia abandonar esse mundo "todo mundo de calça colorida quando eu contar até três", e quando eu digo abandonar, é abandonar mesmo. Largar de mão, fingir que não me atinge, foda-se as cores, vou usar só preto.
Só que as coisas não funcionam dessa maneira, até porque eu ainda não consegui comprar uma ilha deserta para morar - se bem que Sibéria soa muito mais acolhedor.
As informações me atingem como bombas, as atenções, os olhares. A própria opinião geral, que antes não era nada importante, faz com que eu repense alguns conceitos meus.
Lembra da "voz acusadora"?
Vocês não precisam escutar vozes cavernosas para saberem do que estou falando.
"Gritando que ele era um demônio, que somente a dor o salvaria." Que dor é essa?
Na minha interpretação medíocre, essa "dor" significa um acordo com a realidade. Pensem comigo:
Você é livre para pensar o que quiser, certo? Mas essa liberdade já diminui quando seus pensamentos viram atos e ela quase se extingue quando toca o movimento cíclico da sociedade - aquela coisa toda de cultura, "conhecimento", ideologias...
Vocês podem pensar, desde que não atrapalhem o próximo. Porque isso é interferir em objetivos maiores (divinos? acho que não...) e acabar com o encaixe que há na humanidade.
Viu como dói? A prepotência, as mãos amarradas nas costas não são quase insuportáveis?
Foi isso que entendi.
Espero que meu professor não leia isso, mas se ler... Er...
Seja feliz, professor - e não leve essa coisa que acabou de ler muito a sério.
Livro: Fúrias
Autor: Vitor Biasoli
Ano: 2003
Preço: olha... comprei num sebo, não sei quanto ele custa na real.